Produção agroecológica no Semiárido alagoano
Com muito esforço e dedicação o agricultor Francisco de
Assis, popular (preguinho) mantém na área de roçado a criação de ovelhas, de aves,
apiários e o cultivo de hortaliças. Ele diversifica a produção agroecológica e
consegue trazer para sociedade alimentos de qualidade, a exemplo, alface,
couve, rúcula, tomate cereja, coentro, cebolinha, ovos de galinha caipira, mel,
batata-doce. Além, de conservar espécies de plantas nativas da caatinga, o plantio
de capim, de milho, frutíferas e ervas medicinal.
“Aqui nada se perde, porque uma produção ajuda a outra. E
aí, eu tenho alimento e protejo a natureza. Quando comecei a atividade com as
abelhas eu tive mais informações de como produzir, passei a cuidar da natureza.
A plantar mais árvores, a não queimar, não desmatar e não usar agrotóxico. E
isso é bom para todo planeta. Então eu cuido dessa roça com muito amor, porque
adoro ser agricultor”, disse Francisco de Assis.
Há dezesseis anos
que o agricultor produz na propriedade, localizada na comunidade Olho D´água do
Negro em Maravilha-AL, mas segundo ele foi através dos cursos e intercâmbios
realizados através dos Programas da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA
Brasil), desenvolvidos pelas entidades que integram a ASA Alagoas, e a
participação na Associação dos Apicultores (Apimar), que conseguiu fortalecer a
produção.
“O agricultor precisa de políticas publicas para
conseguir produzir. A gente precisa de formação, assistência técnica e de
reservatório para armazenar a água no período de chuva, porque no período de
estiagem fica difícil produzir. Se não fosse a cisterna calçadão de 52 mil
litros, não conseguiria manter a produção até agora”, avaliou Francisco.
São as políticas de convivência com o Semiárido que
garante a autonomia do agricultor, a segurança alimentar, nutricional e
hídrica. Essas políticas são defendidas pela ASA. E o agricultor Francisco de
Assis é um exemplo, de que é possível produzir com sustentabilidade no
Semiárido alagoano, quando a agricultura é valorizada e conquista meios para
produzir.
Assistência
para produção
Em parceria com o Instituto Federal (IFAL) Campus Santana
do Ipanema, o Cdecma apoia bolsista para contribuir com o fortalecimento da
produção do agricultor Francisco de Assis. Porém, a assistência técnica que
compete o poder público realizar, deveria está presente na vida de todos os
agricultores e agricultoras, mas o município não conta com a assistência
técnica.
Apesar de ser um direito garantido na Constituição
Federal de 1988 e na Lei Agrícola de 1991, que determinam os serviços de ATER
pública e gratuita para os pequenos agricultores, a Assistência Técnica e
Extensão Rural (ATER) vem sendo sucateada nas três esferas de governos federal,
estadual e municipal. E com o desmoronamento das politicas públicas, a
agricultura familiar enfrenta os desafios para produzir alimento de qualidade, conquistar
a soberania alimentar e viver no campo.
Elessandra Araújo
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