O encontro de fortalecimento da agricultura familiar
O diálogo sobre políticas de convivência ganhou força no Encontro
Estadual da Articulação Semiárido (ASA) Alagoas (EneASA). Agora o grande
desafio será sensibilizar o poder público a escutar a voz dos participantes do 16º
EneASA, para promoverem as políticas que garantam a inclusão social no
Semiárido, a conservação da caatinga, o combate a desertificação e a violência
contra a mulher, que cresce no estado de Alagoas.
No EneASA houve o diálogo sobre as consequências negativas da diminuição
drástica de recursos nos Programa que fortalecem a agricultura familiar, a
exemplo, o PAA (Programa de Aquisição de Alimento), o PNAE (Programa Nacional
de Alimentação Escolar), os Programas de convivência da ASA e a fragilidade ou
ausência da assistência técnica e extensão rural no Estado. Também, foi
discutida a contaminação dos alimentos por agrotóxico produzido pelo agronegócio,
a degradação do rio São Francisco e o feminismo.
Foram três dias de formação com um olhar para os projetos
dos que acreditam que a “seca se combate” e outro olhar para as ações da ASA que
promovem a convivência com o clima e o solo da região. Ações que possibilitam a
autonomia das famílias, a segurança hídrica, alimentar e a conservação das
sementes da resistência, patrimônio vivo dos agricultores e agricultoras
familiares.
No contexto da convivência foram apresentadas as
experiências exitosas da agroecologia desenvolvidos por agricultores e
agricultoras. Nesse espaço de construção do conhecimento e troca de saber, foram
socializados os pequenos meios de comunicação produzidos pela ASA e
comercializado os produtos de qualidade da agricultura familiar.
Segundo Ângela do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais
e Pescadoras (MMTRP-AL) “o Eneasa para as mulheres trabalhadoras rurais deu uma
abertura significativa que faltava na ASA, devido o reconhecimento de trazer
temas específicos para a mulher, como a divisão justa do trabalho. As mulheres
tiveram oportunidade de discutirem temas transversais específicos para
mulheres. Nós mulheres do Semiárido alagoano nos sentimos valorizadas no EneASA
com empoderamento de levantar nossa própria bandeira, e defender nossa causa em debates abertos junto aos companheiros, amigos
e filhos com apoio e tranquilidade”.
Para Eliana Sales Maciel do MPA “no encontro os
palestrantes discutiram assuntos do Semiárido e dialogaram sobre o feminismo.
Isso fortalece a mulher para se empoderar mais, e mostrar ao mundo que os
direitos são iguais. Direitos que são excluídos dentro da sociedade, onde se
fortalece a violência contra a mulher, e em Alagoas a situação é gritante”.
No diálogo sobre a convivência representantes do Laboratório
de Análise de Processamento de Imagens de Satélite (LAPIS) da Universidade
Federal de Alagoas (UFAL) falou sobre a desertificação no Estado,
e fizeram uma demonstração de como o veículo aéreo não tripulado (Drone), contribuirá
na identificação das áreas degradadas no Semiárido.
“O encontro foi de extrema importância para o
compartilhamento de informações e experiências. O homem do campo não tem esse
contato com a academia. Então a academia indo ao homem do campo e falar o que
tem a oferecer, explicar tudo que ele tem de experiência empírica existe um
fundamento acadêmico teórico. Isso é de extrema importância para as pessoas que
já tem esse conhecimento natural. É importante que a Ciência contribua de forma
mais efetiva na vida do homem camponês. Porque tem muitas coisas que acontecem
e às vezes eles ficam procurando explicação. A academia pode ser um ponto de
partida para começar a ter esse entendimento do que estar acontecendo”, disse Leandro
Rodrigo Macedo da Silva, pesquisador do LAPIS.
O EneASa aconteceu nos dias 30 de novembro a 2 de
dezembro de 2017, no Centro Bíblico em Santana do Ipanema-AL, participaram do
encontro agricultores, agricultoras,
técnicos, professores e pesquisadores, estudantes da UFAL do Campus Sertão e
Maceió, da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e Instituto Federal de
Alagoas (IFAL) campus Santana do Ipanema-AL, membros da coordenação da ASA,
comunicadores e educadores populares. Juntos fizeram encaminhamentos para
fortalecer a convivência no Semiárido alagoano.
Elessandra Aaújo
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