A marcha foi uma iniciativa dos Movimentos que atuam na região e envolveu cerca de 200 mulheres que percorreram as principais ruas de Inhapi enquanto cantavam e faziam ecoar os seus gritos de ordem. Também aconteceram paradas na câmara municipal de vereadores, na delegacia e nas secretarias municipais de Assistência Social, Saúde e Agricultura.
Na câmara municipal elas reinvidicaram maior transparência na atuação desta casa e maior acesso a participação nas sessões. Já na delegacia o pedido foi que haja uma maior atenção à Lei Maria da Penha, que os casos de abuso e violência contra a mulher deixem de ser tratados como pequenas causas.
Contudo, foi justamente em frente a delegacia que se demonstrou o descaso e desrespeito com a luta feminina, quando um motorista tentou furar a mobilização jogando o carro contra as manifestantes. Neste momento a mulherada mostrou que não estava ali para ceder e conseguiu afastar pacificamente o machista.
Em frente as secretárias municipais, a busca foi por informações. Mesmo com a omissão dos responsáveis em atender as manifestantes, elas se fizeram ouvir e reinvindicaram seus direitos sobretudo, a informação. O direito de acesso aos programas e o de saber como estes tem sido aplicados no município.
Da marcha participaram mulheres do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do NE (MMTR NE), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Sindicato dos Trabalhores e Trabalhoras Rurais de Inhapi (STTR), Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais e Pescadoras de Alagoas (MMTRP AL) e ainda algumas grupos produtivos apoiados pela Visão Mundial, membros da ASA Alagoas. A união destes movimentos em torno da marcha juntou mulheres dos municípios de Inhapi, Canapi e Mata Grande.
Dona Luiza Moraes, de Inhapi, conta que foi a primeira vez que participou de uma mobilização desta, mas que se sentiu muito viva e forte. Diferente da Dona Creuza Silva, do mesmo município, que conta orgulhosa que sempre participou da luta “onde tem luta a gente tá lá”, diz ela animada em meio a agitação da caminhada.
Uma das participantes da comissão que organizou a marcha, Maria do MST, conta que apesar de não ser um movimento específico de mulheres esta luta também é do MST e que existe uma parceria muito boa entre seu movimento e os Movimentos de Mulheres não só no alto sertão como em todo estado de Alagoas.
Mas a programação do dia não parou por aí. A tarde a caravana seguiu para o município de Mata Grande onde estava agendada uma audiência com a Senhora Danielle Christine Silva, juiza da comarca que envolve os municipios de Canapi, Inhapi e Mata Grande e na qual as mulheres esperavam ter maiores esclarecimentos sobre como anda a aplicação da Lei Maria da Penha nesta região.
Este dia 16 de março mostrou para as quase 200 mulheres participantes que basta a mulher se organizar pra perceber a opressão, a violência e a injustiça. Mas também que a mulher é corajosa, capaz e poderosa.
"Seguiremos em marcha, até que todas sejamos livres"
Regimere Santos
Comunicadora ASA Alagoas, UGT CACTUS
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