Foto: Paulo Santos Neto
O povo Kalankó que é uma das
etnias presentes no Semiárido alagoano, região onde se concentra o maior número
de grupos indígenas do estado, resultado de processos históricos, conflitos
sociais e fatores climáticos, resultando em migrações e diásporas.
Composto por cinco
comunidades, Januária, Gregório, Gangorra, Batatal e Lageiro do Couro, totalizando,
cerca de 97 famílias, os Kalankó se afirmam enquanto índios rama
de Pankararu, pelo fato de ter sua origem e genealogia vinculado ao grupo
presente no estado de Pernambuco, a quem chamam tronco, também em região
semiárida. Segundo o pajé Antonio o etnônimo Kalankó faz referência, ao calango,
nome dado a pequenos répteis encontrados no bioma caatinga, dos quais afirma o
pajé terem se alimentado em tempos de grandes secas, este que não é visto de
forma triste ou melancólica, e sim com gratidão e força, sendo um dos elementos
símbolos de resistência.
A resistência é
característica dos grupos indígenas presentes no Semiárido, no caso de Alagoas,
desde aqueles que habitam os brejos de altitude do Agreste até aqueles no Alto
Sertão, a exemplo dos Kalankó, que distante da área urbana do município de Água
Branca, em maiores dificuldades com o abastecimento d’água, que mesmo com os
canos presentes, conta com uma irregularidade quinzenal que na maioria das
vezes se estende por mais tempo.
A única alternativa diante
da constante falta de água é o armazenamento, quando ocorre abastecimento ou
pegam água em tambores utilizando carros de boi, armazenamento que se torna
quase inviável, pela inexistência de local adequado, e sem capacidade para as
necessidades básicas, mesmo que para um curto período de tempo, sendo este, uma
questão de saúde, direito conquistado, tendo em vista uma política pública,
segurança e acima de tudo, dignidade.
É necessário saber que o
povo Kalankó possui um alto índice migração por emprego, especificamente de
jovens, para outros estados para trabalhar na construção civil, ou na colheita do
café, da laranja, antes mesmo de concluírem o ensino médio, fato este que não é
novo. O grupo mantém uma relação direta com a terra, possuem roçados familiares
para consumo próprio, e em algumas poucas casas, algumas cabras, ou bois para
serviços de carro, o que segundo o Cacique Paulo, água para a produção,
contribuiria para a permanência na comunidade, porém sua preocupação está
principalmente na água de beber, fazendo referência inclusive a escola que
possui um velho tanque já em péssimas condições.
A pedido do próprio grupo
indígena a Cáritas Diocesana de Palmeira dos Índios, que faz parte da Articulação
no Semiárido Brasileiro, lançou uma Campanha em Solidariedade ao Povo Kalankó, “Eis que eu vejo uma pequena nuvem, como a
mão de um homem”, (1 Reis, 18:44), com o objetivo de levantar fundos e construir 60 cisternas
atendendo as famílias Kalankó das cinco comunidades.
Esse é um desafio da
Cáritas mobilizar pessoas, organizações, diversos setores da sociedade para se
motivarem a contribuir com essa ação de generosidade, frente aos embates que
não apenas os Kalankó enfrentam, mas diversos povos indígenas existentes no
Semiárido Brasileiro. Os índios do Agreste e Sertão alagoano enfrentam sempre
maiores dificuldades em acessar políticas públicas, visto que, a história que
permeia os povos originários está infelizmente vinculada a um processo de
negação de seus direitos, prensados em pequenos pedaços de terras por
latifúndios, os Kalankó, a exemplo de outros, almejam demarcar seu território
tradicional e com isso, fortalecer sua luta pela permanência em seus espaços
sagrados. As tecnologias sociais, no caso, as cisternas de placas, para consumo
das famílias, não representam apenas um elemento de armazenar água, mas carrega
um levante pela vida indígena no coração do Semiárido alagoano.
Para aqueles que desejam
contribuir com a campanha, a Cáritas Diocesana de Palmeira dos Índios abriu uma
conta bancária para pessoas físicas e jurídicas fazerem os seus depósitos, com qualquer quantia, os
dados são: Agência Banco do Brasil nº. 0136-8, conta corrente: 22.222-4 em nome
de Cáritas Diocesana de Palmeira dos Índios.
Moisés Oliveira - Comunicador ASA Alagoas
Simone Lopes - Assessora Pedagógica ASA Alagoas
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