Leandro Rodrigo mostra a expansão da desertificação
O Estudo sobre desertificação desenvolvido através de
dados de precipitação e vegetação no Semiárido brasileiro mostra que no Semiárido
alagoano da área total de 12.579,3km² existem extensas áreas em estágio de
degradação ou desertificação, sendo 15,9% está em estágio moderado de
desertificação, 10,27% em estágio forte de desertificação e 6,65% em estágio
muito forte. Para identificar os níveis de degradação captado nas imagens de
satélite a cor vermelha indica muito forte, o amarelo forte e o azul em estágio
moderado. A pesquisa vem sendo desenvolvida desde 2007 por pesquisadores do Laboratório
de Análise de Processamento de Imagens de Satélite (LAPIS) da Universidade
Federal de Alagoas (Ufal).
O avanço da desertificação ocasionado por ações naturais
e as que são derivadas da pressão exercida pelas atividades humanas no
ecossistema, afeta a agricultura familiar. Segundo o coordenador da Pesquisa
professor Humberto Barbosa, “Os impactos da desertificação, sobretudo
na agricultura familiar é a migração (abandono das terras) por parte das
famílias devido à infertilidade do solo”.
A pesquisa desenvolvida no LAPIS em parceria com o
Instituto Nacional do Semiárido (Insa) tem o objetivo de verificar o potencial
máximo de vegetação para identificar ou quantificar as áreas degradadas no
Semiárido Brasileiro. “Estamos fazendo uma analise por Estado e constatamos uma
situação crítica em Alagoas. Agora o que desejamos é identificar dentro dessas áreas
onde está a produção da agricultura familiar”, disse Leandro Rodrigo Macedo da
Silva, pesquisador do LAPIS.
Para o melhor desenvolvimento da pesquisa sobre
desertificação os pesquisadores estão construindo um Sistema de Monitoramento e
Alerta para Cobertura Vegetal da Caatinga (Sima Caatinga). Esse sistema visa
disponibilizar informações referentes à condição da vegetação e da precipitação
no Semiárido brasileiro. “Nos registros constatamos que a cobertura vegetal do Semiárido
alagoano está na situação de muito seca, próximo do zero por cento de cobertura
vegetal e com ausência de uma vegetação sadia ou seca (solo exposto), isso é um
reflexo de déficit hídrico na região”, disse Leandro Rodrigo Macedo da Silva.
Causas da degradação no Semiárido alagoano
O Semiárido
alagoano é constituído por 38 municípios com uma extensão territorial de 45,28%,
e o processo de desertificação cresce na região. O fator clima contribui para o
aumento da desertificação, porém a retirada da caatinga no Semiárido alagoano,
o uso incorreto do solo com práticas de degradação, o excesso de pastoreio
(gado, caprinos) o uso de agrotóxico, a retirada da mata ciliar e a poluição
das águas, essas ações antrópicas, ocorridas ao longo dos anos, tem fortalecido
o crescimento do da desertificação, ou seja, para a degradação da terra, de um
solo fraco e improdutivo.
Apesar da desertificação ser um problema muito grave, não
existe no Estado uma Política de Combate a Desertificação. O Plano Estadual de Combate a Desertificação
(PAE) não é executado e o Estado não criou a Lei que institui a Política
Estadual de Combate a Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca. Assim, a desertificação fica no anonimato,
porém ela vai ganhando espaço com o enfraquecimento do solo.
Dia Mundial de Combate a Desertificação
Não se combate a desertificação com ações pontuais, por
exemplo, no próximo dia 17 de junho, dia mundial de combate à desertificação a Secretaria
de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos realizará palestra em alguma
cidade do Semiárido, mas precisamos de muito mais. Precisamos de um
comprometimento dos políticos e da sociedade para conservação dos recursos
naturais. Precisamos de ações contínuas com Programas de recuperação de áreas
degradadas, reflorestamento, educação ambiental contextualizada, tecnologias
sociais de convivência com o Semiárido, implantação de sistemas agroflorestais,
incentivo a agroecologia, conservação das sementes crioulas, entre outras
medidas para mitigação do problema devastador. Precisamos que o tema
desertificação seja pautado e executado como um dos primeiros itens na agenda
dos governos, principalmente no estado de Alagoas.
Elessandra Araújo
Nenhum comentário:
Postar um comentário