A seca faz parte do clima do Semiárido alagoano, e nada podemos fazer para evitar que ela ocorra, no entanto, podemos diminuir os impactos negativos que a seca proporciona na vida dos que moram na região, principalmente a agricultura familiar camponesa. Para isso é fundamental planejamento e políticas públicas com ações contínuas de responsabilidade, pois não são ações emergenciais que contribuem para qualidade de vida do ser humano, para erradicar a pobreza, a fome e conservar os recursos naturais, e sim medidas estruturantes, contínuas com a participação da sociedade, do poder público e privado.
Você pode observar como estão os corpos d água na
região, uma vez que uma das situações constrangedoras que afeta o Semiárido
alagoano é a escassez da água. Porém, os rios são degradados e usados como se
fossem um recurso infinito e sem valor.
No Semiárido, com exceção do rio São Francisco, os
rios são temporários e de grande importância no período chuvoso para abastecer
a população ribeirinha, para produção de alimento. Porém, a destruição dos
corpos d´água cresce e as leis que servem para proteger os recursos naturais
não saem do papel, e os planos de bacia hidrográfica quando são elaborados não
são colocados em prática, porque falta política pública.
Veja o rio Ipanema afluente do rio São Francisco,
agoniza na cidade de Santana do Ipanema-AL, onde se tornou um depósito de esgotos,
lixo, com bancos de areia, construção desordenada na margem do rio, crescimento
de vegetação, algumas plantas aquáticas são indicativas do alto grau de
poluição e contaminação. Nos trechos localizados nos bairros Santa Luzia, São
José e no Centro da cidade o leito do Ipanema é aterrado, e esse valioso rio
que já proporcionou muitas vidas com a pesca, a irrigação, o abastecimento
humano e dessedentação animal, lazer, agora sofre com os diversos impactos
negativos.
Trecho do rio no Bairro Santa Luzia
A fragilidades no saneamento básico da cidade de
Santana do Ipanema, a falta de informação e educação ambiental contextualizada
para sociedade, e falta de implementação do Plano de Bacia Hidrográfica
refletem em ações de degradação do rio. Degradação que implica na contaminação
da água do Ipanema, na saúde pública devido aos esgotos com forte cheiro onde
crianças e adultos passam, e na vida do rio São Francisco, uma vez que esse rio
é afluente do Velho Chico.
Até quando a natureza suportará tanta destruição? Até
quando a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba
(Codevasf), o Instituto do Meio Ambiente (IMA), a Secretaria do Estado do Meio
Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), o poder público municipal e a
sociedade vão continuar indiferentes ao depósito de esgoto e de lixo que foi
transformado o rio Ipanema? Quando as ações para revitalização do rio serão
postas em prática?
Para se conviver no Semiárido alagoano são necessárias
às políticas públicas que respeitem os recursos naturais. Que respeitem a biodiversidade!
Sem políticas de convivência continuaremos submissos às medidas emergenciais,
que são paliativas, mas que não fortalece a vida e o desenvolvimento
socioeconômico sustentável. É importante lembrar que a seca não podemos evitar,
mas os rios nós podemos conservar.
Bacia
do rio Ipanema
A
nascente do rio Ipanema se situa no município de Pesqueira. Seu curso percorre
parte dos estados de Pernambuco com aproximadamente 139 km até chegar a Alagoas.
Em Alagoas passa em Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema, cruza Olivença,
Batalha e chega até a sua foz em Belo Monte, desaguando no Rio São Francisco.
Ao longo do percurso e durante décadas, o rio
Ipanema sofre inúmeros impactos de degradação. Porém, na lei dos homens nada é
feito, e quando é feito são medidas emergenciais, paliativas. Mas na lei da
natureza as mudanças climáticas dão respostas, diante da destruição dos
recursos naturais local, regional e do Planeta e quem mais sofre com essas
respostas é a agricultura familiar camponesa.
Por Elessandra Araújo
Nenhum comentário:
Postar um comentário