Foi com o propósito de dividir para multiplicar e estocar as sementes crioulas que vinte famílias integrantes do Banco Comunitário de Sementes aproveitaram a chuva na região e fizeram a roça comunitária no Sítio Açude em Maravilha/AL. As agricultoras e agricultores plantaram trinta e cinco quilos de sementes em um hectare de terra. A iniciativa das famílias contou com o apoio da Articulação Semiárido (ASA) por meio de formação e implementação de tecnologia social.
“A ASA orienta a gente a fazer um trabalho comunitário e
solidário, essa é uma forma para conseguir viver no Semiárido. Então, nos
últimos cinco anos muitos agricultores perderam as sementes no roçado, devido à
estiagem. Graças a Deus choveu no final de abril e maio, mas nem todos tinham
sementes para plantar, por isso, quem tinha sementes crioulas dividiu para o
grupo, e a gente fez a roça comunitária para abastecer o Banco Comunitário”,
disse o agricultor Reinaldo Barbosa Lemos.
A atividade comunitária exigiu organização e divisão dos
trabalhos “fizemos uma divisão das tarefas, um grupo para arar a terra, outro
para o plantio e um terceiro grupo para capinar. Agora a colheita, secagem e
armazenamento das sementes serão realizados pelas vinte famílias”, falou
Isrraela Rodrigues Alves filha de agricultores do banco de sementes.
Uma das formas de resgatar as sementes passadas de
geração para geração e que são adaptadas ao clima e ao solo do Semiárido,
conhecidas em Alagoas como sementes crioulas, é através da troca de sementes e experiências
entre agricultores e agricultoras, formação e estocagem nos bancos de sementes.
No Sítio Açude as famílias tinham o Banco de Sementes
desde 2010, mas a falta de estrutura e de uma sede própria contribuiu para que
algumas famílias se afastassem do banco de sementes.
“Já chegamos a armazenar mil quilos de sementes crioulas,
mas nos últimos cinco anos nós perdemos uma boa parte das sementes. E isso
desanimou muitos agricultores, porque plantava e perdia. Mas, com o Programa de
sementes da ASA as coisas melhoraram”, destacou o agricultor Reinaldo
Barbosa.
Apoio
à casa de sementes
Em 2016 as famílias conquistaram a sede e estrutura para
o funcionamento do banco de sementes crioulas, inclusive a garantia da compra
de sementes crioulas para as famílias. A conquista veio através do Programa de
Manejo da Agrobiodiversidade Sementes do Semiárido (PMAIS) da Articulação
Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), executado pela Cooperativa dos Bancos
Comunitários de Sementes (Coppabacs).
“As sementes que a gente conseguiu foram plantadas, mas
as chuvas foram poucas em 2016 e houve perda. Para alegria da gente teve
famílias que conseguiu colher, armazenou e agora dividiu para os demais. Se não
fosse o Projeto agora a gente não tinha sementes”, destacou o agricultor.
O agricultor Reinaldo falou com entusiasmo da roça
comunitária e disse que aproveitou o período chuvoso para fazer também a roça
da família. “Graças a Deus chove na região e isso traz alegria para quem
trabalha no campo. Por isso, já plantei de forma consorciada o milho, feijão,
abobora e quiabo. Tenho esperança de que vamos conseguir uma boa colheita”,
concluiu.
A agricultura familiar precisa de incentivo para produzir
e conviver no Semiárido. Precisa de incentivo para conquistar a soberania
hídrica, alimentar e nutricional. Precisa de incentivo, assim como o agronegócio
que conta com grandes incentivos dos governos federal e estadual.
Elessandra Araújo
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