A explosão do verde na caatinga, que transforma a paisagem no Semiárido alagoano. A garantia de ter água estocada nas cisternas, barragens e alimentação para os animais, além do cultivo de alimento para família, tudo isso, representa uma grande riqueza para o casal de agricultores, Mário Cipriano da Silva e Espedita Alves da Rocha, pais de dois filhos, que vivem na comunidade Mulungu em Minador do Negrão-AL.
“Agora o sertão está uma riqueza. Não tem coisa melhor às
cisternas e barragens estão sangrando. Se o tempo fosse sempre assim o povo do
Nordeste não teria sofrimento. E se não fosse às cisternas, a vida não seria a
de hoje, porque a água vinha e a gente não tinha onde armazenar. No sertão,
apesar da chuva demorar pra chegar, quando chove, se as famílias tiverem onde
guardar a água, elas têm tudo na vida.”
Mário Cipriano está sempre buscando caminhos para manter a
água na casa. E se preparou para esse momento de chuva construindo outros
reservatórios, por exemplo, pequenos tanques, inclusive um tanque para captar a
água que corre no terreiro da casa. “Se a gente tivesse mais reservatórios o
verão seria de fartura, porque está chovendo muito. Faz 40 anos que não vejo
chover assim em Mulungu”, disse o agricultor.
Com os reservatórios cheios, o agricultor faz planos para manter
a produção no período de estiagem. Uma das formas que ele pretende produzir é
com o reuso da água da lavagem de pratos e roupas.
“Os últimos sete anos foram os piores, porque não choveu na
região para desenvolver a lavoura e juntar água. Mas, consegui plantar e manter
no verão com o reuso da água a bananeira, laranjeira, pinheira, feijão, tomate,
coentro, batata doce. Quando o verão chegar minha família voltará a fazer o
reuso da água, e já estou guardando toda água que posso”, explicou Mário Cipriano.
A produção
A família de Mário Cipriano conquistou as cisternas de
primeira água para consumo humano e a segunda água para produção de alimentos
através do Programa Um Milhão de Cisternas e do Programa Uma Terra e Duas Águas
(P1+2) da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA).
Fazendo a gestão da
água nas cisternas e o reúso para o plantio de hortaliças e frutíferas, a
família do agricultor conseguiu sobreviver no período de estiagem prolongada.
Agora, com a chegada da chuva e a garantia dos reservatórios
cheios, o agricultor aumentou a produção, e acrescentou ao redor de casa o
cultivo da cebolinha, do alface, do alho poró, do feijão. Já na roça ele
plantou 60 quilos de feijão e 90 quilos de milho de sementes crioulas. A
família mantém também no quintal de casa a criação de pequenos animais.
A chuva que caiu na região dá ao agricultor a segurança hídrica
e de manter a produção alimentar, embora o agricultor tenha destacado: “Chegou à
água para produzir, mas a gente não conta com nenhum apoio de governos para
desenvolver a produção. O agricultor vive com a graça de Deus e com o esforço
que faz, mas pela ajuda dos governos não”.
Elessandra Araújo
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