Negação de direitos amplia a fome em Alagoas
O ATO SOS Agricultura
familiar mostra que em Alagoas 200 mil famílias, que recebem alimentação através
do Programa de Aquisição de Alimento (PAA), serão cortadas do Programa, devido à
diminuição do recurso do governo federal. Segundo a presidente do Conselho
Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea-AL), Maria Eunice de
Jesus, o valor destinado ao PAA no período de 2014 a 2015 passou de R$ 24
milhões para menos de R$ milhões no
período de 2016 a 2017.
Ela avaliou as
consequências do desmonte da agricultura familiar e do PAA para população mais
vulnerável, e falou da necessidade do uso do recurso do Fundo Estadual de
Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep) para apoiar o PAA.
O Fecoep foi instituído
pela LEI Nº 6.558, de 30 de dezembro de 2004, no Art. 1º destaca: Fica
instituído, no âmbito do Poder Executivo Estadual, o Fundo Estadual de Combate
e Erradicação da Pobreza – FECOEP, com o objetivo de viabilizar para toda a
população de Alagoas o acesso a níveis dignos de subsistência, cujos recursos
serão aplicados exclusivamente em ações suplementares de nutrição, habitação,
educação, saúde, saneamento básico, reforço de renda familiar e em outros
programas de relevante interesse social, voltados para a melhoria da qualidade
de vida, conforme disposto no art. 82 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias – ADCT da Constituição Federal.
Mas, o Estado não tem um Plano de combate à pobreza, por isso o
representante da Articulação Semiárido Alagoas (ASA), Júlio Cesar Lima Dias,
destacou: “Precisamos de um Plano Estadual de combate a Pobreza que atenda as
diretrizes para dizer onde o recurso tem que ir, e que a sociedade civil possa
fazer parte do conselho gestor. Entendemos que o Fecoep possa ajudar a 200 mil
pessoas para não voltar ao estado de fome”.
Outra reivindicação para agricultura familiar é que o governo do Estado
cumpra o que determina a Lei n° 11.947/2009 do Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE) e garanta que do total dos recursos financeiros repassados pelo
FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser
utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura
familiar.
“O governo do Estado não vem cumprindo o que determina a Lei sobre o
PNAE”, disse a representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em
Alagoas, Rilda Maria Alves, ao avaliar a conjuntura social e principalmente a
situação da agricultura familiar.
Foram diversas as
reivindicações para garantir a sobrevivência da população no Estado, diante das
medidas de governo que amplia a pobreza e oprime a classe trabalhadora.
A representante dos
marisqueiros na Lagoa Mundaú, Benedita Laurindo desabafou: “Na Favela Mundaú,
do Lixão, Posto 4 e Sururu do Capote o povo está passando fome. Estamos com
fome e não temos como trabalhar, porque na lagoa não tem sururu. Para a gente
comer, a gente depende da comida que é doada na Igreja Virgem dos Pobres no
Vergel. A gente está passando fome e nenhum politico vem ajudar”.
Foi nesse cenário de
rostos marcados pela dor da desigualdade e fome, que cerca de mil pessoas
elevaram as mãos para o alto e rezaram o Pai Nosso pedindo a Deus, que os
políticos façam leis justas e que a população consiga superar os problemas
sociais e econômico, provocados pelas medidas dos governos. As vozes também
foram elevadas para dizer aos políticos que o Brasil voltou para o mapa da fome
e a agricultura familiar pede socorro.
O ATO SOS Agricultura
Familiar aconteceu no Centro Social da Federação
dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura no Estado de Alagoas (Fetag),
localizado na Rua Dilermano Reis, 318 na Jatiúca- Maceió-AL, no dia 21
de agosto.
Participaram do ATO representantes
de entidades que integram o Consea-AL, agricultoras, agricultores,
marisqueiros, imprensa, o senador Renan Calheiros, deputado federal Paulo
Fernandes dos Santos (Paulão), deputada estadual Jô Pereira, o Ministro do
Turismo Marx Beltão Lima Siqueira, e representantes do poder público das
esferas de governos federal, estadual e municipal.
Elessandra Araújo
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