Catingueiros em defesa da caatinga
No 3º Encontro dos catingueiros os participantes trocaram
experiências sobre as
potencialidades das plantas da caatinga, as estratégias para proteger o bioma e
conservar os recursos naturais. Eles avaliaram o avanço do processo de
desertificação no Semiárido alagoano e informaram que nos últimos cinco meses conseguiram
plantar em suas propriedades 2.500 mudas de espécies nativas como leucena,
aroeira, gliricídia, ubaia, umbuzeiro, cunhã, cedro, pereiro, araça, coco babaçu,
craibeira, cactos, além do plantio de frutíferas.
Os catingueiros e as catingueiras residem na região do
Agreste, Bacia Leiteira, Alto e Médio Sertão de Alagoas e os convidados da
Microrregião da Mata Alagoana. Em suas áreas de atuação estão desenvolvendo e
informando sobre práticas sustentáveis de conservação do uso do solo.
O agricultor Sebastião Damasceno, residente no Sítio
Cabaceiro em Santana do Ipanema-AL, local onde foi realizado o encontro, no dia
7 de outubro disse: “Esse encontro tem um conteúdo muito importante devido o
valor medicinal e a importância que a caatinga tem. Pensamos nas formas
práticas de conviver com a natureza para que tenhamos uma vida mais saudável,
águas mais sadia e nosso planeta mais sadio. Devemos multiplicar e ter um
fermento de continuidade de ações nas nossas propriedades rurais, que ainda
resta um pouquinho da caatinga e da biodiversidade”.
De acordo com Marcos Gomes do departamento de Meio Ambiente de Inhapi-AL “o encontro é
essencial para sustentabilidade da agricultura familiar. A situação atual de
desertificação e destruição dos recursos naturais é gritante. Em 70% dos
municípios os solos estão erodidos sem matéria orgânica, sem fertilidade. Não
se pode pensar agricultura sem solos férteis. O encontro dos catingueiros vai
ao encontro do desenvolvimento sustentável da região. E precisamos da caatinga recuperada em forma
de agroflorestal, para que essa fertilidade volte. Sem a conservação do solo,
da vegetação, dos animais nós não conseguiremos sustentabilizar a agricultura
familiar na região”.
O grupo fez roda de conversa e passeio no meio da
caatinga. No processo de construção do conhecimento resgatou os encaminhamentos
realizados no 1º e 2º Encontro, com análise para os avanços e novos
encaminhamentos.
A agricultora Cícera Maria da Silva (popular Leda) da
comunidade Retiro em Inhapi-AL falou: “Nesse encontro a gente resgata um pouco
da nossa cultura do bioma caatinga. É importante trazer as outras companheiras
para que elas se identifiquem mais com o bioma, porque ainda existe a historia
de roçar o mato e queimar. Por isso é importante trazer mais companheiras e
jovens para defender a caatinga”.
Os 26 participantes do encontro estão envolvidos nas
práticas de conservação do ecossistema e preocupados com a saúde da população e
a desertificação. A desertificação é fortalecida com o uso do agrotóxico, as
queimadas, pouca cobertura vegetal, falta de manejo da caatinga.
“Esse encontro me traz esperança de que o Nordeste
sobreviva, porque do jeito que a coisa estar daqui a uns trinta ou quarenta
anos não vai ter mais sobrevivente nesse lugar. A caatinga é a subsistência do
nosso sertão, sem isso não somos ninguém. Espero que cada pessoa saia com
compromisso para mudar, lutar, buscar direitos nacional, internacional e gritar
para o mundo o que está acontecendo no nosso sertão”, esclareceu o agricultor Jose
Manoel do Assentamento Lameirão em Delmiro Gouveia - AL.
A dependência dos catingueiros (as) da caatinga faz com
que eles promovam mudança de hábitos e costumes para a convivência no Semiárido,
e planejem o 4º Encontro.
Elessandra Araújo
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