Mulheres que produzem
As mulheres da Natucapri que acreditam na produção de
qualidade e na inclusão social continuam produzindo sabonetes em barra, em
líquido e hidratante. Elas fazem cosméticos artesanais à base de leite de
cabra, que são medicinais e aromáticos. Os sabonetes de aroeira, juá, babosa,
capim limão, camomila, maracujá, erva doce, canela, aveia e mel, entre outros,
são de tamanhos e formatos diferentes. “Eu
sou agricultora e divido o meu tempo na roça, em casa e na Natucapri. A
Natucapri trouxe novas oportunidades, aprendizagem e autonomia, por isso
considero a Natucapri uma esccola de vida”, disse Maria José dos Santos.
Desde 2006 que um grupo de mulheres, filhas de
agricultores, iniciou a produção de sabonetes a base de leite de cabra na
cidade de Maravilha-AL. Ao longo dos anos foram diversificando a fragrância e o
formato. Os produtos já foram vendidos em feiras realizadas em municípios de Alagoas, Pernambuco, Bahia, Brasília, Minas
Gerais, Rio Grande do Sul e enviado sobre encomendas para São Paulo.
Os sabonetes são bem aceitos e de qualidade, porém a
produção e o número de mulheres que integram a Natucapri diminuíram, devido às
dificuldades em expandir os produtos, uma vez que elas não conseguiram a
regularização junto a ANVISA. “Uma das nossas maiores dificuldades é não dispor
do registro da ANVISA, isso impede nossa participação em grandes feiras, em
gerar renda para manter as despesas de quem trabalha, e comprar matéria prima
para produzir, pois a matéria prima é cara”, disse Ana Patrícia Silva Alves.
No período de 2006 a 2015 as mulheres da Natucapri
contaram com a consultoria técnica para capacitações e vendas, além da
orientação do químico. Nessa consultoria existia a expectativa de obter o
registro, mas até o momento elas não têm nenhuma informação da empresa
responsável em apoiar a regularização.
“Em 2013 tivemos que pagar o valor de R$ 5 mil dividido
em cinco parcelas para ajudar na consultoria. O pessoal que representava a
empresa disse que a obtenção do selo da ANVISA seria um dos serviços, mas até
agora não conseguimos nada. Só não fechamos a Natucapri, porque amamos esse trabalho,
mas não dar para ganhar dinheiro nem para pagar as despesas e comprar matéria
prima. Isso dificulta a permanência das mulheres para continuarem produzindo”,
destacou Ana Patrícia Silva Alves.
Uma das pioneiras da Natucapri, Maria José, ressaltou: “as
capacitações que recebemos da empresa nos ajudou em muita coisa, mas em relação
ao selo não sabemos nem por onde começar para conseguir, e não temos nenhuma
informação”.
A Natucapri poderia ser o espaço de aprendizagem,
produção e inclusão social para envolver jovens filhas de agricultores, mas é
necessário apoio técnico para o fortalecimento do empreendimento. O município
apoia o grupo com o aluguel do espaço, a energia e a água, porém essas mulheres
precisam também, de apoio técnico para obtenção do registro e a comercialização.
Elessandra Araújo
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