Consea analisa Segurança alimentar de Alagoas
O panorama da desigualdade social em Alagoas, o aumento
da miséria e da fome e suas consequências na educação, saúde e segurança social.
Os avanços e retrocessos das políticas públicas foram avaliados por representantes
do Consea, professores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e convidados,
na reunião ampliada do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional
(Consea). Segundo um dos palestrantes, professor Haroldo Ferreira “No Brasil, Alagoas
ocupa a última posição em qualidade de vida”.
“Alagoas passou dez anos para tirar 800 mil pessoas da
extrema pobreza e colocá-los na pobreza. Nesses últimos dois anos, 600 mil
pessoas retornaram para extrema pobreza. O Consea é o principal instrumento de
articulação para fazer esse debate sobre a segurança alimentar no Estado. E o
nosso desafio é como regulamentar a utilização do Fundo Estadual de Combate e
Erradicação da Pobreza”, disse o ex-superintendente de segurança alimentar e nutricional, Antonino Cardozo.
Foi nesse espaço de reflexão que o professor Cícero
Pericles da Ufal falou sobre os indicadores sociais e econômicos de Alagoas e o
professor Haroldo Ferreira (Ufal) apresentou os indicadores de insegurança
alimentar no Estado. Também representantes da agricultura familiar, de
comunidades tradicionais quilombola, matriz africana e indígena relataram o
cenário de insegurança alimentar, violência e preconceito em que vivem.
“Alagoas tem fechado os olhos para nossos povos indígenas
e criado preconceitos. O Estado desconhece os povos existentes no Agreste, Zona
da Mata, Sertão e Baixo São Francisco. Os territórios dos povos do sertão foram
invadidos pela cidade e o Estado não reconhece esses povos. Se a reforma
agrária fosse feita, existiria espaço para todos os trabalhadores, mas não
existi interesse do governo”, disse a índia Eline Juvita de Lima, dos povos
Wassu Cocal de Joaquim Gomes.
Além dos debates sobre a segurança e qualidade alimentar,
que é responsabilidade do Estado, os participantes realizaram trabalho em grupo
sobre o contexto da SAN em Alagoas e qual a agenda proposta para 2018.
As propostas apresentadas na plenária para promover a
segurança alimentar em Alagoas foram: Assistência técnica agroecológica,
reforma agrária, acesso das famílias as tecnologias sociais para captação de
água de chuva, proteção das sementes crioulas, compromisso do governo do Estado
com o PNAE e o PAA, alimentação de qualidade nas escolas, criação de Conselhos Municipais
de Segurança Alimentar, criação do Plano Estadual de Segurança Alimentar e do
Plano Estadual de Combate a Pobreza do (Fecoep), uma secretaria de agricultura
que trabalhe em prol da agricultura familiar, entre outras reivindicações.
O resultado das discussões da reunião ampliada, que
ocorreu no dia 19 de dezembro, no auditório da Federação dos Trabalhadores e
Trabalhadoras na Agricultura do Estado (Fetag), será encaminhado para o
Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
De acordo com o Consea a reunião ampliada é uma atividade
que precede ao “Encontro da 5º Conferência Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional (SAN), e tem o objetivo de realizar o balanço das proposições
aprovadas na 4º Conferência Estadual da SAN de Alagoas, realizada em agosto de
2015, e analisar as ações implementadas pela gestão estadual em atenção à
promoção a Segurança Alimentar e Nutricional e do Direito Humano a Alimentação Adequada
(DHAA)”.
Mas, em relação à análise das ações de SAN no
Estado, o Consea deixou registrado que solicitou da Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento
Social (Seades) o panorama das políticas estaduais para segurança alimentar que está
sendo realizado em Alagoas, porém o governo não respondeu.
Também, que o governo não está presente no final da
plenária para os encaminhamento de quem irá para o Encontro Nacional de SAN em
Brasília. Esse fato inviabilizou a escolha dos representantes da sociedade
civil para o Encontro, que avaliará as políticas em nível de Brasil implementadas
nos dois últimos anos.
Elessandra Araújo
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